
Apenas diminuo as lanças afiadas e viajo… Vou encontrando minúsculos pedaços de um eu, ouvindo vozes, percorrendo labirintos. Esta gente que fala sem saber o que diz! Quero não me deixar lesar mas no fim de contas elas prejudicam demasiado, cada vez mais. Vão transformando o que sinto, a poucos e escassos pronunciares. Destroem cada pedaço do meu ser, espalhando-os por quilómetros de sentimentos.
Sentimentos?
Há ocasiões em que igualmente planeava não sentir, negar o saber, encontrar-me completamente despojada, roubada de mim. E num ápice tudo vai… O que se edificou, desaba por um sorvedouro onde a negrura prevalece. Talvez tudo o que se arquitectou não fosse assim tão sólido como previa, como prevíamos. Não detínhamos ninguém, nenhuma alma nos iluminava o caminho. Pequenos diabos só distanciavam, as trevas nos agasalhavam de temor e as flores iam prometendo um mirar sínico.
As forças esvaeceram, lutar não é jamais a minha metrópole. O meu centro vital já não bate para viver, apenas sobreviver! Agora não articulo: suspiro. Detenho um medo miudinho, delgadinho como um fio de água percorrendo o rosto. Aqui, conhecia o brilho de um sorriso mas agora também sei olhar lamentavelmente o firmamento.
A chuva branqueia-me a alma, causa o teu despertar. Cada gota que me bombardeia é mais uma razão para viver, para vivermos. Coberta de causas, respiro fundo e os pulmões experimentam delicadamente as carícias do ar.
A paisagem me questiona, considero-me inútil, medito nas minhas importâncias e nasce um sorriso. Aprender a preferir, diferenciar, fundamentar… saltito pelos segundos, cabeça erguida, mão no coração: não vá ele fugir para ti!