“Sabes, por vezes acordo, bem de manhãzinha, olho o relógio
e o Sol que me entra pela janela e digo: “Que belo dia!”; ao deitar, penso:
“Porque acordei sequer?”
Há dias em que até respirar dói, até o ar corrompe. As
nuvens não estão suficientemente negras para que me possa expressar. Queria
dormir, dormir, levitar, deixar-me ir num sono profundo, acabadinho de morrer,
até ao infinito, acordar lentamente, daqui a milhões de anos, talvez mais. E
que chova! Oh, o quanto eu quero que chova! Ninguém notaria o meu rosto já
cheio da tristeza do outrora. Não me perguntes por mim, não te sei responder.
Não quero estar aqui. E caminharei, voltarei, um dia, apenas talvez.
E me calo e me canso de profundamente tentar explicar o que
jamais alguém conseguirá perceber. Sou eu, eu num eu que eu não conheço,
disfarçada de ti, fugindo da luz que me tenta aquecer.”
Inácia Amarguras
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