Lírico

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Greenland
Toda eu sou alma. Todo eu sou frio, branca como a neve. Toda eu sou sonho, céu, nuvem. Toda eu sou girassol. Toda eu serei tua, se assim o entenderes.

19 de junho de 2010

Perspectivas


Um belo par de pensamentos cruzados me faz levitar e reflectir acerca do que quero para mim num futuro próximo. Sim! Eu gosto de falar de tempos vindouros, daqueles que ainda vêm a caminho da rota da felicidade para se cruzar comigo na sexagésima avenida de um sentimento só meu, daqueles que porventura possam tornar-se num Everest de gélidos e preconceituosos planos ou num Sarah de abrasadoras e aconchegantes premonições.

Os meus olhos vêm-te vezes sem conta até o Sol deixar de te contornar os únicos traços da fronte; mesmo sem a tua comparência, estás presente! O céu e as nuvens disputam o melhor lugar: e envolvem-se num demorado aceno, naquele permutar de paralelas voltas e reviravoltas, numa viciante agitação entrelaçada entre ambos.

E tocam-se uma vez, e outra, e outra… o jogo não descontinua e os vencedores entregam-se aos vencidos com um doce movimento requintado pelo brilho avermelhadamente intenso do pintor universal. Tantos pensamentos, tantas mutações na alma amenizada pelo açucarado paladar da curiosidade excessiva… não quero inverter!

O tempo corre num vagaroso compasso de encontros e despedidas com a vida com que demasiadamente sonhamos. Os sonhos são apenas perspectivas encantadas da realidade que por vezes nos custa a aceitar: é apenas uma maneira de quebrarmos as barreiras da limitada existência e do curto espaço que possuímos a fim de conquistar aquilo que nunca poderemos alcançar. Somente a veracidade dos factos nos oferece a tão desejada consistência no olhar.

O livre pensamento cruzado baseia-se neste conjugar de emoções que nos confundem e nos levam a indesejadas vitórias travadas connosco próprios. E é nestas ocasiões que as certezas que nem sempre gostaria de desfrutar acerca da minha verdade se defrontam comigo na diminuta e intemporal caminhada que insisto em percorrer.

Tudo me foge, tudo se afasta de mim… a arrogância não é motivo de discórdia entre nós. A ternura contida nas minhas palavras trazem-me mais do que aquilo que pensava que acarretassem. Por fim, pactuo comigo mesma: de nada me vale diminuir o olhar e interromper a competição até porque as insistências conferem-me um motivo para cessar aquilo que me é completamente inútil.

Tudo aflui, tudo inevitavelmente reaparece… é uma das leis naturais da existência humana. O que neste momento me escapa entre os dedos, futuramente se infiltrará no correcto lugar onde permanentemente deveria residir. A totalidade baseia-se na conjugação de milésimas insignificâncias, possibilitando a plenitude de muitos e a inutilidade de tantos outros.

Bárbara Patrício

3 de junho de 2010

Genuíno?



Gostaria de atirar á brisa leves pensamentos, pequenos bocados de história, simples partes que já me remataram por completo e que agora são apenas entendimentos mas presumo que esteja demasiado vento para os lançar. Queria olhar o céu e demarcar o meu território lunar, conjugar conjuntos de estrelas, observar macroscopicamente os planetas tão misteriosos mas existem demasiadas nuvens a cobrir-me o olhar. Pensei em banhar-me de sol para que este me iluminasse a alma, o corpo, a própria mente, mas a chuva apodera-se do tempo não deixando dúvidas.
Mas, mas, mas… Há algo que não possua um “mas” medonho por detrás? Há coisas que simplesmente não têm explicação?

Quanto à primeira pergunta respondo indiferentemente. Sinceramente, não consigo recordar-me de algo tão divino e espectral; quanto à segunda, afirmamente returco. Há factos que, por incrível que pareça, não obtêm contestação. Tudo acontece, tudo se dá, tudo se vai e apenas alguns permanecem. A culpa recai sobre aqueles que nem sempre a detêm: faz parte da justiça até deste nosso território. Logo, poderá completar também parte de nós. E infelizmente completa.

Nada do que era sincero e genuíno existe já. As imitações estão a tornar-se capazes de mais para as originais lhe fazerem frente. Este parecer com que nos preocupamos tanto não vale rigorosamente nada. Senão pensemos: de que nos vale parecer ser uma pessoa que não somos? Para muita gente, esta pergunta nem sequer possui um motivo para discussão.

O fustigar da chuva trazida pelo forte vento na janela perturbam-me. Ao menos isto sim, é genuíno. A Natureza é tudo, a Natureza dá tudo! Esta universalidade baseia-se na elementar dicotomia entre amor e ódio, numa bipolaridade fenomenal e catastrófica. Podemos facialmente equiparar-nos a ela. Com uma diferença: nós podemos escolher apenas uma, temos a capacidade de rejeitar uma outra.

E eu rejeitei aquela que nunca habitou em meus actos, em minhas pequenas acções ou gesticulados termos. Ódio gera ódio! É neste ciclo vicioso que a humanidade vai caindo sem se dar conta que se desprotege, se aniquila a cada termo, a cada ultraje vindo do interior. À semelhança deste, outro sentimento edifica estes períodos viciosos que articulo e será apenas este que nos conservará e acompanhará; só ele está habilitado a fazer-nos sorrir, continuar a lutar por nós, por todos os outros!

O amor!

É capaz de regenerar algo partido em milhentos bocados; realça a alma adormecida após um sono de profunda controvérsia; constrói as mais gigantescas muralhas de protecção, as mais belas citações e pensamentos difundidos num só ser, num simples olhar perdido de um mundo realmente profano.

Isto sim, é verdadeiramente genuíno, não havendo espaço para imitações.

Bárbara Patrício