Lírico

A minha foto
Greenland
Toda eu sou alma. Todo eu sou frio, branca como a neve. Toda eu sou sonho, céu, nuvem. Toda eu sou girassol. Toda eu serei tua, se assim o entenderes.

19 de setembro de 2009

Rodopiantes contrastes lunares



O escuro brilha. Cintilante conjunto de cinzentos baralhados num só contraste, numa só estrela. Imensidão de nada, vazio interminável. Assim, se descreve Clara. Um nome tão luminoso se apaixonou por tão dissemelhante alma. Toda ela era uma escala de brancos e pretos. Para além do nome, sua pele se assemelhava a um árido e desconhecido ponto do universo. Já seu cabelo era negro como carvão: o sol o acariciava, ela o eclipsava.

A alma era feita de pedacinhos agrafados, colados, rasgados e vagabundos ao vento, duas metades numa só. Se nunca nos tivéssemos movido até à Lua poderíamos estuda-la aqui mesmo, em pleno planeta Terra! De um lado, a luz não chegava sequer para aquecer um terço de si; não daria nem para descongelar a meia tonelada de sólido que lhe mataria a sede de vida. Existia de tudo. Pelo menos de tudo o que de pior no mundo desembarcou; aliás, na Lua aterrou.

Na outra parte de si, o caso mudava de figura. Naquele lugar, ela era a mais clara de todas as Claras. A luz solar era toda ancorada naquele lugar que a aquecia. Essa alma lunar não só rodopiava em torno de si mesma como em volta de seu coração. Dependentemente da parte que para ele estivesse virada, assim seria o seu humor, sua maneira especial de sorrir.

Nunca o organismo de alguém fora tão espacial, tão marciano ao ponto de desconhecer seu próprio conteúdo original. Refiro-me a memórias. Em vez de as guardar, expulsava-as, mandava-as embora e proibia-as de entrar. Já nem falo de sentimentos porque esses aí eram escolhidos a dedo depois de vistas as unhas em revistas de moda. Os contrastes se proporcionavam e o equilíbrio se dava: em vez de duas cores distintas porque não misturá-las, torná-las numa só?

Seria o solucionar de uma vida! Foram embora os claros e escuros; tudo se juntou e se acinzentou. O problema da anormalidade teria assim um fim previsto para breve. Mas, embora cinzenta, não se deixou de ver a preto e branco, igualzinha a uma sala de cinema dos anos 80...

Seu blog é viciante!



Agradeço à Erica, do *Luna*, e ao Prof. Sérgio, do Historico-Filosoficas, a atribuição deste prémio ao Feelings.
Agora, devo, assumir três compromissos, para além de publicitar o prémio “Há blogues viciantes” e endereçá-lo a dez outros blogs.

1. Tentarei ser mais arrumadinha, ordenando melhor as respostas ao expediente e ao atempado arquivamento, no escritório, e com coisas pessoais em casa;

2. Tentarei ouvir mais e não insistir na minha opinião mais que o estritamente necessário evitando conflitos espúrios;

3. Tentarei não me importar com os feitos e defeitos do meu Porto;

Confessados publicamente os pecados, só falta mesmo enunciar os blogs viciantes. Entre tantos merecedores:

4 de setembro de 2009

Seu blog é mágico !



A música mágica: Metallica - Nothing Else Matters

O filme mágico: Idade do Gelo

A viagem mágica: conduzir uma nuvem e percorrer os céus

A maquilhagem mágica: a simplicidade


5 blogs mágicos:

- Beatriz Araújo

- Cátia Barbosa

- Zézinho

- Michelle

- Emma

Obrigado Raquel e Érica pelo miminho :D

1 de setembro de 2009

Vida consumida por ódio, levada pelo demónio!

"Para ser sincera, não tenho memórias. Pelo menos de uma vida. Fui deixada com o mundo no limiar da infância. Não que a culpa fosse deles. Um qualquer embriagado infringiu todas as regras de trânsito. Muito para além dessas simples regras mundanas, cometeu o pior pecado, o maior acto de ignorância! Num segundo a vida lhes fluiu do corpo, um embate os projectou para fora, bem longe dali. Sofri mas ainda sofro!
Era pequena e não entendia muito do que entendo hoje. Posso não ser grande mas sou suficientemente consciente do meu ódio, do desejo que tenho em encontrar por fim esse homem. Esse dia iria chegar… por fim, finalmente chegou. Pude contemplar o rosto descaído daquele inconsciente assombrado por fantasmas do passado, por erros irremediáveis, por um peso na consciência que o acompanhará até ao seu fim! Me implorava por vida, me questionava a identidade, o porquê…
Queria dar-lhe de mão beijada o destino que concedeu a meus progenitores e toda a dor que por mim foi sentida. Fazia-lhe pontaria ao orgão digestivo que jamais iria digerir. Não o mataria de uma vez mas aos poucos… o ácido lhe iria corroer a carne, agonizando-o! Não chamaria isto de vingança, talvez ajuste de contas.
Sentei e observei aquele triste fim. Sentia-me concretizada! Até que a morte lhe transpareceu pelos olhos… olhei-o uma última vez e aí a felicidade escapou-se assim como a vida.
Cheguei ao limite da compreensão, abri meu ser e expandi o olhar: naquele momento foi-me concedido o vislumbrar mais claro de todos. Uma vida não traria outra quanto mais duas! O rio era testemunha de meu acto cruel, a água corria e levava consigo o sangue. Talvez transportasse também meu pecado. A ponte me convidava a subir, o líquido me iludia a mergulhar. Olhei derradeiramente o céu e pedi desculpa aos anjos: perdão pela raiva, pelos actos, pela idiotice… e mergulhei. Morri exactamente como meus pais: um violento embate nos esmagou a vida, nos trancou o coração… "
Açucena escreveu a sua própria morte mesmo quando a vida ainda lhe corria nas veias. Seria por muito pouco tempo. Escreveu, desapareceu e concretizou o fim da escrita, da sua própria história!