Os sonhos são rios de tinta que percorrem todo o
meu corpo e me mantêm o coração palpitante. E é o ânimo, toda esta vontade de
viver tanto sem porquês, é a paixão por aquilo que ainda não vi que me consome
e atormenta! Mas vem o medo e destrói esta ânsia de percorrer mundos, chega a
dúvida e há algo que morre e se esvai como uma onda acabada de esmorecer na
areia.
Quero desfrutar de outro Sol, do outro lado
lunar, de diferentes oceanos e perspectivas de céu. Anseio o que não tenho
graças à estupidez causada pela minha insegurança. Um dia, tudo terá mais luz e
o viver despertará a mais pura felicidade. É tempo de mudar rumos, traçar
caminhos, esquecer que o passado alguma vez me aproximou de tamanha podridão; é
necessário rasgar este vazio na alma que me prende de ser livre.
Mais uma vez, desejo voar sem nunca levantar os
pés do chão, dormir com os meus olhos bem abertos e viajar olhando os teus.
Percorrer o mundo é um sonho, procurar uma razão de existir é querer ser
diferente.
E eu quero tudo contido num pedaço de
absolutamente nada.
Quadro de Leonid Afremov