Lírico

A minha foto
Greenland
Toda eu sou alma. Todo eu sou frio, branca como a neve. Toda eu sou sonho, céu, nuvem. Toda eu sou girassol. Toda eu serei tua, se assim o entenderes.

29 de dezembro de 2010

Estranho amanhecer


Um dia, acordei. Acordei e saí para olhar o céu. O amanhecer assemelhava-se a um pôr-do-sol longínquo, distante dele próprio. Estava atordoada. Tivera um sonho terrivelmente estranho. Éramos só nós: eu e a calçada que me perseguia. Ouvia vozes vindas das paredes circundantes. Corri até chegar à exaustão. A adrenalina que o meu corpo produzia era o suficiente para me manter ali, sobrevivendo. Estava calor. Sentia as golfadas de ar quente embatendo no meu rosto, fazendo-me desejar imensamente um cântaro de água potável e fresca. O Sol encontrava-se agora no ponto mais alto da sua viagem. Estranhamente, o tempo parou: as gentes deixaram os seus afazeres, o ribeiro congelou, a fonte da aldeia secara instantaneamente… e tudo o que habitualmente se posicionava imóvel e eterno, movia-se e balançava desgostosamente. Por momentos pensei que era um sonho. Mas eu já estava num sonho. Um sonho dentro do meu próprio sonho?
As casas dançavam em ritmos que contrastavam com a imensidão do infinito silêncio que se fazia sentir; as estradas elaboravam pequenas ondulações e curvas em si mesmas e riam às gargalhadas à medida que desconcertavam e arruinavam o que os humanos tinham consumado outrora. As janelas abriam e fechavam discretamente; os vidros partiam, despedaçavam-se, brilhavam como estrelas, reflectindo os raios lustrosos e soalheiros. Magiquei… se apenas o que não possuía vida se mexia porquê que eu me movimentava também? As respostas eram óbvias e claras e encontravam-se na minha cabeça desde o início daquela revolta.
Não poderia mais sentir, rir, pensar... era agora um imortal e gélido bocado de pedra. No meio daquele silêncio me perderia para sempre. Não me apetecia gritar, chorar, lamentar-me. Já nem sabia falar. Até que, no meio de toda aquela imensidão de silêncio tentador e agonizante, se ouvia um choro miudinho de criança. Provinha daquele enorme casarão ao virar da esquina. A grande porta de madeira avermelhada estava completamente aberta. Só isto me convidava a entrar. No fundo da grande sala estava um ser humano pequenino, vestido de um branco manchado. Aproximei-me e curvei-me mesmo diante dele. Vi a sua face a erguer-se e os seus olhos fixaram os meus: era uma menina. Tive medo que a pobre criança abandonada e suja, com as roupas rasgadas pelo tempo que ainda à pouco tinha parado, sem pais, sem ninguém para cuidar dela, se assustasse com a minha aparência. Afinal, eu era uma pedra. O seu choro parou. Fiquei estupefacta. A Humanidade cabia toda nos olhos verdes e esbugalhados daquela menina de cabelos ruivos e despenteados.
Ao contrário do que pensara, ela não se amedrontou. Sorriu-me… e estremeci. Nesse momento percebi o quão humana ainda era. Todos os meus entendimentos estavam errados e todo o silêncio e destruição foram quebrados. Ao olhar pela pequena abertura da porta por mim deixada quando entrei vi que a aldeia voltou a ser o que era. Sentia agora movimentação na calçada que antes se assemelhava ao fim do mundo. Ao voltar-me para a criança, esta já não residia lá. Desaparecera e eu não sabia para onde. Algo ligeiramente me segredava para não a procurar. E não o fiz.
Agora, acordada e lúcida, percebia o fundamento da cor do meu céu e o lugar onde a pequena criança se encontrava. Fez-me lembrar o ruivo vivo do cabelo daquela menina. Fora ela que me tirara daquele lugar: fora ela que me tornara novamente humana, destruindo a minha eterna condição de pedaço de pedra, gélida, imóvel e solitária.
[Porque a Humanidade cabe nos olhos de uma pobre criança e porque há coisas que simplesmente as palavras não conseguem explicar.]
Fotografia e texto: Bárbara

20 de dezembro de 2010

Forest Full of Unicorns *



Estou no quarto fechado. Já algum tempo que assim é. Já perdi a conta às horas que passo fechado neste covil. Por vezes, no meio da escuridão, vejo ideias e palavras e frases e imagens voarem ao sabor de um vento inexistente. Sinto um arrepio correr-me pelo corpo.

E eu sou apenas isso: este arrepio que me percorre a alma. O negro que me envolve faz-me pensar em tudo o que tem acontecido nestes últimos tempos... Chego à conclusão que nada passou de uma simples ilusão onde corria à cata de um sonho que no final se evaporou e me deixou a inspirar o que restava de mim.

Restam agora cinzas do que eu era. Cinzas sem palavras, cinzas sem inspiração. Uma imagem microscópica do que fui outrora. As impurezas que restam sobre o meu rosto são empurradas para longe pelo vento. Ao som de Forest Full Of Unicorns sinto-me ir junto com as cinzas. A minha alma parte. Vejo-me num mundo que me atrevo a equiparar ao d'O Principezinho, onde tudo é sonho, onde tudo é imaginação.

Imaginação que já não possuo, não reina mais em mim. Olho para o que me rodeia e nada se interioriza. Os sons, batidas e ritmos da música que oiço saem correndo, fugindo de mim. Sou um buraco negro: absorvo mas não o transformo em algo mais útil, um pouco menos cinzento e apreciável. O que aconteceu comigo afinal?

Parece que me transformei num pedaço de nódoas no lençol da alma. A água da chuva vem e não me lava. Mas muito de mim vai com ela. Escorrem ideias por mim a baixo numa mistura homogénea com a água. Sinto-me mais transparente que nunca tudo passa através de mim. Tudo passa mas nada fica. Tenho a minha cabeça opaca e não consigo ver para lá das poucas emoções que ainda me percorrem o corpo. Já não consigo escrever, sinto-me ao abandono no meio de um campo de papoilas. Deito-me entre as flores. Olho para o céu e procuro entre as nuvens o que perdi. Procuro entre os cavalos que percorrem o céu a galope a minha imaginação. Espero que ela vá sentada na sela de um desses de Puro Sangue Lusitano e que, cedo, volte para mim.

Ricardo e Bárbara

 *Título de uma música de Cygni Vox

7 de dezembro de 2010

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Olhei o céu: desdenhou de mim. Caminhei pelo deserto: não tinha fim. Voei... e nada encontrei.

1 de dezembro de 2010

Eu falando comigo



Conta comigo! E com a Lua e as estrelas e o brilho dos céus. Estaremos todos torcendo por ti. Embalaremos teus cabelos ao sabor da maré de acontecimentos presentes e trataremos mais da tua alma, ligando-a a tudo o que de belo considerares. Não digas nada: os agradecimentos que fiquem pendurados nos ramos estrondosos e fortes da tua linha imaginativa. Por agora, completa os átomos, constituintes de ti. Ama-os: são eles que te concedem uma forma, uma apresentável maneira de existir.

Os vidros partem. Só vislumbro os bocados escorraçados e espalhados no canto daquela sala que só te queria ouvir estremecer. As paredes pareciam querer apreciar as palavras que por ti eram transfiguradas e que voavam para os maiores templos citadinos. Que confusão de alma, que destroçado coração! Desinteressa-te: de nada te serve o triste brilho dos teus olhos. Sobe a escadaria que te posicionará na alta montanha. Aí, ninguém te fará sofrer, ninguém chegará perto de ti; não deixarás jamais que outro ser estranho se infiltre no teu território, naquele lugar que é só teu. Bastou.

O quanto esta música me embala… apetece-me adormecer nos braços do vento, quero o aconchego quente dos raios de Sol que despertam minha visão logo pela manhã. Estás doente! O teu interior é um débil buraco que não termina, tudo elimina, nada cautela. Faz desaparecer as memórias, transporta-te para uma outra e dissemelhante dimensão. O tamanho deste vazio que me compõe preocupa-me mais que nunca. Quero fugir daqui, levar-te comigo, desprender-me de tudo o resto. Não quero memórias, recordações, sentimentos ou sensações: só destruirei o meu vazio com mais vazio. Preciso de algo mais incompleto que eu! Sei que no fim os fantasmas correrão para dentro das suas masmorras de pedra que os protege e me deixarão a paz que é minha por natureza.

Não tenho palavras: todos querem algo diferente, somos tão desiguais… o que estou eu a fazer contigo, o que estou eu a fazer comigo própria? Sei o que quero e o que por agora desprezo. Quero paz, desejo toda a harmonia e tranquilidade deste mundo e do próximo; quero escutar as melodias e sentir que me encontro dentro de todos os timbres e ritmos, todas as batidas e sons. Gostava de ser uma música e percorrer os corações das gentes, dar-lhes outro movimento à alma, conceder-lhes mais ânimo para a vida; ou uma corrente de ar: sopraria aos ouvidos dos enamorados relembrando-lhes a sorte que possuíam em ter alguém tão esbelto a seu lado e que tanto os amava! Não me importaria de nascer como um raio de Sol: iluminaria o caminho de todos os seres e aquecer-lhes-ia o coração; faria brilhar o cabelo das meninas pela manhã e passaria o resto da tarde na praia, contemplando a água do oceano. Continuo sem saber onde me encontro e porque fugi de mim. Talvez eu não mais seja um bom lar para mim própria.

Até me refugiava em ti mas tenho medo que me expulses e fique sem lugar algum para permanecer.

Bárbara

7 de novembro de 2010

Perdurar?

Cada vez mais as palavras me odeiam. Não aquelas que ficaram por dizer mas as que proferiste sem pensar em futuros. É recíproco! Assim me perco e não me encontro no meio de tanto tempo que para ti não passou de meros segundos onde me enviavas os mais emotivos vocábulos. Mas qual a duração do próprio tempo, desse compartilhado passar de espaços? A mente está desabitada pelos bichinhos que antes lhe administravam a vida e a existência, a alma encontra-se inundada de inutilidade.
A Lua ausentou-se. Agora, jamais atinarei com o caminho. A energia expirou e os candeeiros fundiram as centenas de luzes intermitentes que agasalhavam a minha jornada. E aos poucos, tudo se evaporou… as ramificações daquele trajecto deram cabo de mim e assim te foste, tu e eu. Tu e tu e tu… este singular enganador que ainda me dá alento, pensando apenas nele, desobedecendo à pluralidade dos porquês que me são enviados a toda a hora, a todo o momento, pela parte mais ingrata do meu ser. Longe, fica longe. Exijo quietude.
Sorri, exterioriza-te, comanda a chuva e liberta os raios de Sol no paraíso do teu jardim. Rega as ideias, colhe os projectos, cultiva a mente e enterra o futuro. Esse lá virá. Porquê cogitar nele? Debaixo da relva há sempre mais uma oportunidade para ser feliz. Diminutas, consumidas, vagarosas e efémeras, elas percorrem-me. Não como dantes, não exactamente iguais ao que eram, nada equiparáveis às extensas, preenchidas e descomunais opiniões que anteriormente transitavam minha inspiração.
Inevitavelmente imagino. Não controlo, apenas vagueio sobre o assunto. Forçosamente considero o amanhã. A restante esperança que me cobre faz-me pensar que será preferível, os termos inverterão o seu sentido de volta ao ponto de partida, a imaginação se alimentará dos preciosos sorrisos que a partir de agora lançarei, novos, mais carregados de tudo e a alma se abarrotará de interpretações recém-nascidas.
O mundo insiste em circundar-se a si próprio e ainda não cessou a sua luta pela enorme labareda que aquece e ilumina. Porque hei-de eu suspender a minha?
Bárbara

3 de outubro de 2010

Respirações


Love is true when is strong,
A strange feeling that make we try,
You maybe think all are wrong,
But it’s only your heart learning to fly.

Olhei o firmamento a fim de obter uma resposta positivamente embrulhada, mergulhada no mais harmonioso dos perfumes celestes mas o que me envias é uma massa de ar quente que me sufoca e me transporta para longe, mais uns longínquos centímetros afastada de ti. E mais do que respirações, envio inspirações até ao lugar mais sagrado, brilhante e calado de todo o universo. As memórias que tenho de ti encantam-me e envolvem-me numa maré de sorrisos que não consigo controlar, dos quais já não sou dona. Suspirando, te lembro; cantando, te chamo.


E era isto que Madalena rezava cada noite que cobria seu céu. Segundo ela, o amor era a perfeita conjugação entre passados e futuros, coligados num presente inconstante e transformando cada momento numa passagem momentânea para a morte ou para a vida. Ele despertava, fazia bater de novo um par de corações, preservava toda a alma intacta e cheia de movimentações e concebia aquela esperança que teimava em não desaparecer.

Mas tudo o que é demasiadamente bom, estrondosamente nos desilude. Uma fractura no amor é facilmente equiparável a uma última pulsação, um derradeiro grito antes da inalterável partida…

Ele descobrira a maneira ideal e cronometrada do batimento do seu coração. Só ele desencantara o olhar mais singelo e resgatava a sua melhor conjugação de traços. Só ele possuía a chave e a combinação do enigma capaz de tornar o cinzento das nuvens num radiante branco coberto de luz solar.

Olhem: o céu caiu e espartilhou-se em bocados de pedra gélida, crua, fria, negra, estridentemente arrepiante. O que lhe surgiu por detrás? Um inferno não feito de chamas, fogo, ardentes diabos infernizadores de tantas almas mas feito de nada, de vazios, de nulos, de vácuo! E foi o que Madalena decompôs após a partida do ser mais imperfeito que alguma vez conhecera: até poderia ser encoberto por todos os defeitos mas a seus olhos, era como um anjo, o seu anjo, aquele que a fazia acordar e sorrir, que lhe embalava o pensamento e a fazia sonhar, que lhe criava asas, fazendo-a voar. Era ele que a protegia, todos os dias, da má disposição, das críticas, dos embaraços, dos olhares despropositados e das alergias a gentes que nem sequer sabiam o significado de realmente gostar de alguém.

Agora seu coração já não batia como um dia lá longe no tempo batera. Neste momento ela ansiava por muito mais vitalidade. Tornou-se lutadora de uma causa só dela: dar vida a uma alma, ao seu próprio vazio. Não queria recordar aquela noite, aquela terrível e amaldiçoada madrugada que levou tudo o que ela possuía. Seu coração não lhe pertencia: estava contido nele. E uma vez que ele partira, seu peito não mexia, não movia, não falava nem sentia.

Foram segundos, escassos segundos que levaram igualmente dois corações e apenas uma e uma só vida…
Bárbara

25 de agosto de 2010

Agora sim…


É incrível… o que pedalei só para poder estar aqui…

Agora sim: permaneço vazia nesta silenciosa sinfonia que me aquece o coração. Vim aqui só para que a inspiração se infiltre em mim e me faça escrever. Nada me ocorre e tudo me foge nesta imensidão de beleza e Natureza dispersas e profundamente abençoadas. Sinto o tempo passando, vejo o sol caminhando para o rio como um louco percorrendo a calçada.

Agora sim: desencontrei-me de mim. Daqui, não tenho apenas uma apreciação geral deste mundo: possuo uma ideia puramente emocional sobre o meu próprio universo. Já nada me comunica: a Natureza se fechou perante mim. Oiço vozes bem perto, risos histéricos, mas nada me toca a alma, nada me preenche.

Agora sim: vejo algo que me transcende! Dois seres enamorados, perdidamente apaixonados, contemplando este lugar com uma visão muito diferente da minha. Para eles, isto será o começo de uma nova vida; para mim, isto é uma continuação. Quando os olhei, trocavam palavras, entreolhavam-se tão docemente, uniam as mãos e proferiam elogios a tudo o que os rodeava. Os seus corações batiam, batiam de verdade cada vez que se contemplavam e era capaz de os ouvir a léguas. “Isto é realmente maravilhoso!”. Seu espanto não tardou a aparecer quando me viram escrevinhar neste caderno. Sorriram!

Agora sim: conseguiria passar aqui horas a fio, fixada num só momento, deixando que as memórias ocupem meu estado de espírito. Como posso ser tão fraca perante isto? Este lugar é “realmente maravilhoso”. E vazia, sem inspiração, continuo escrevendo, rabiscando, gastando o precioso fluído que dá uso a este objecto. Só quero fechar os olhos, esquecer tudo o que conheço, viver uma momentânea amnésia e percorrer o meu próprio pensamento.

Devo estar aqui à pouco mais de um dobro de trinta minutos. Cansei-me do meu próprio olhar. Uma abelha voa à minha volta: é destemida, vestida de um amarelo exactamente igual ao meu. Como é possível que esteja tão fixada em mim? Não me larga. Não lhe farei mal. Adoro-a!

Agora sim: vou pegar-me a isto. Conectei-me à Natureza e ela me segredou que amanhã o sol brilhará ainda mais. Acreditei nela, comprová-lo-ei quando este senhor do céu se erguer e se posicionar no seu ponto mais alto. Afinal, não me preenchi: lavei a alma, deixei a brisa entrar, pendurei todos os seus pedaços rasgados, respirei fundo, anunciei tréguas a mim mesma e decidi arrumar-me.

Agora sim, consigo sorrir...
Bárbara

4 de agosto de 2010

Grito!


Tento esquecer a melancolia dos dias, entregar ao rumo do relógio os pequenos pedaços de tempo e contrariar as regras impostas por um espaço onde não quero permanecer. O relógio movimenta-se muito devagar e depressa se cansa da mesma vida rotineira. Um tic-tac me faz parar de existir fora de mim: transporta-me até ao mais profundo pedaço de ser que contenho e reparte-se a esperança pois esta é já uma antiga e sempre velha companheira da minha alma.

Tento esquecer as noites, subtrair as estrelas e alargar o espaço lunar. Quero gritar, pausar a existência e trocar de mundo, mudar-me para um local cheio de paz, onde seja a harmonia a rainha. Até me confrontar com tudo, nada tinha a temer. Agora, jamais terei. Aumento a luminosidade para que se torne mais familiar, menos observável para qualquer outro ser humano.

As cordas se embalam em ritmos desatinantes, melodiosamente transfigurados em tons mais graves e fortes. As conexões entre a máquina pensante e o corpo que me sustenta começam a falhar, sumir-se por entre as brumas da memória que em dia nenhum se evaporará.

Tenho medo de sonhar, arrependo-me profundamente dos desejos que alguma vez pronunciei. Preciso urgentemente de ti; vem e dá-me só um olhar teu, só um simples pedaço da tua voz para abafar o meu grito alarmante e que desesperadamente pede ajuda. Não tenho motivos, não possuo razão alguma. Apenas reflicto sobre todos os acontecimentos passados, os que ainda hoje se apresentam perante mim e me acenam num meticuloso pedido de desculpas.

Não quero partir para dentro de mim mesma pois será ainda pior recordar. Não percebo o fundamento destes lacrimejos, desta abundância de sensações que me envolve mas tenho uma corrente ondulatória contra quem eu lutava todos os dias. Não pedia mais nada além de ti: vem comigo e pára o tempo para que ninguém consiga permanecer neste espaço, para que eu seja capaz de libertar toda esta negatividade e pise o espaço lunar só mais uma vez…

Bárbara Patrício

2 de julho de 2010

Surpreendentemente inimaginável...


A vida é realmente surpreendente. Tudo aquilo que parece inexplicavelmente inacreditável acontece e desenrola-se bem no interior das gentes, desenvolvendo-se, crescendo, fazendo de nós seres sentimentais vulgares. Inimaginável!

Por vezes, a recepção de um não é o começo para uma nova etapa. As indiferenças rapidamente absorvem a positividade e nos tornam imunes a novos encontros com esta agora já não precoce experiência. O céu é coberto por aquelas bem conhecidas nuvens que me levam a luz, a inspiração, a alegria e alguma razão. Caminho sobre a chuva que teima em não parar e deparo-me com um desconhecido: passou, olhou, prosseguiu caminho… Tu!

Aquela aparição me intrigou. Nos breves instantes seguintes, a indecisão se apoderou de mim: avanço nesta longa estrada ou quebro o tempo, volto e corro atrás do que me embaraça?

Decidi e tomarei as consequências desta deliberação. E sobre aquela água que desaguava do céu, corri à cata de um sonho, em busca de ti! À medida que acrescentava nesta minha teimosia a colossal querença de descortinar a imensa razão da tua chegada, senti finalmente que me encontrava a causar o que era correcto.

Procurei o teu nome num complexo chamamento ao qual não obtive imediatamente resposta. Pela derradeira vez tive forças para pronunciar tua denominação que me perfurava a alma e me desinibia o coração. E lá estavas tu! Olhavas-me concentrado a fim de absorver todos os detalhes do meu rosto e sensivelmente respiravas. E tu, descuidado e carregado de solidão, vagueavas fugindo de mim, atrasando o tão inesperado começo.

Finalmente vieste até mim. Pegaste em minha mão e guiaste-me ao guardião do infinito. Uma grande entrada surgiu sobre nós e eu, aterrorizada, contemplei aquela arrepiante beleza espectral. Olhaste-me e delicadamente descortinaste o meu rosto. Sussurraste umas harmoniosas palavras ao meu ouvido: pareceram-me perfeitas. Não as recordo. Escaparam-me entre os dedos, fugiram e dirigiram-se para o portão do interminável.

Nunca mais vou esquecer a cor dos teus olhos quando fixamente me observavas nem os teus débeis gestos perante mim. Nunca soube quem foste, ainda desconheço quem verdadeiramente és, quem serás? A única certeza que possuo é a de que não desaparecerás das minhas memórias, estejas onde estiveres, sejas lá tu quem fores. Sei onde te encontrar: um dia chegarei ao infinito e aí procurar-te-ei e desvendarei por fim a tua sublime identidade.

Bárbara Patrício

Selo (':

A Mariia ofereceu' me este selo e desde já lhe agradeço (:



1. Publicar a imagem do selo e dizer quem o passou

2. Responder à pergunta: O que te aquece o coração?

Não é fácil aquecer um coração. Mas basta-me a palavra certa no momento certo, um abraço forte e apertado quando é realmente necessário, um olhar daqueles que conquistam uma alma de uma daquelas pessoas que eu mais amo e um dia cheio de sol para que o meu coração fique um pouco menos vazio e com mais vontade de continuar a bater!

3. Passar o selo a 10 blogues









19 de junho de 2010

Perspectivas


Um belo par de pensamentos cruzados me faz levitar e reflectir acerca do que quero para mim num futuro próximo. Sim! Eu gosto de falar de tempos vindouros, daqueles que ainda vêm a caminho da rota da felicidade para se cruzar comigo na sexagésima avenida de um sentimento só meu, daqueles que porventura possam tornar-se num Everest de gélidos e preconceituosos planos ou num Sarah de abrasadoras e aconchegantes premonições.

Os meus olhos vêm-te vezes sem conta até o Sol deixar de te contornar os únicos traços da fronte; mesmo sem a tua comparência, estás presente! O céu e as nuvens disputam o melhor lugar: e envolvem-se num demorado aceno, naquele permutar de paralelas voltas e reviravoltas, numa viciante agitação entrelaçada entre ambos.

E tocam-se uma vez, e outra, e outra… o jogo não descontinua e os vencedores entregam-se aos vencidos com um doce movimento requintado pelo brilho avermelhadamente intenso do pintor universal. Tantos pensamentos, tantas mutações na alma amenizada pelo açucarado paladar da curiosidade excessiva… não quero inverter!

O tempo corre num vagaroso compasso de encontros e despedidas com a vida com que demasiadamente sonhamos. Os sonhos são apenas perspectivas encantadas da realidade que por vezes nos custa a aceitar: é apenas uma maneira de quebrarmos as barreiras da limitada existência e do curto espaço que possuímos a fim de conquistar aquilo que nunca poderemos alcançar. Somente a veracidade dos factos nos oferece a tão desejada consistência no olhar.

O livre pensamento cruzado baseia-se neste conjugar de emoções que nos confundem e nos levam a indesejadas vitórias travadas connosco próprios. E é nestas ocasiões que as certezas que nem sempre gostaria de desfrutar acerca da minha verdade se defrontam comigo na diminuta e intemporal caminhada que insisto em percorrer.

Tudo me foge, tudo se afasta de mim… a arrogância não é motivo de discórdia entre nós. A ternura contida nas minhas palavras trazem-me mais do que aquilo que pensava que acarretassem. Por fim, pactuo comigo mesma: de nada me vale diminuir o olhar e interromper a competição até porque as insistências conferem-me um motivo para cessar aquilo que me é completamente inútil.

Tudo aflui, tudo inevitavelmente reaparece… é uma das leis naturais da existência humana. O que neste momento me escapa entre os dedos, futuramente se infiltrará no correcto lugar onde permanentemente deveria residir. A totalidade baseia-se na conjugação de milésimas insignificâncias, possibilitando a plenitude de muitos e a inutilidade de tantos outros.

Bárbara Patrício

3 de junho de 2010

Genuíno?



Gostaria de atirar á brisa leves pensamentos, pequenos bocados de história, simples partes que já me remataram por completo e que agora são apenas entendimentos mas presumo que esteja demasiado vento para os lançar. Queria olhar o céu e demarcar o meu território lunar, conjugar conjuntos de estrelas, observar macroscopicamente os planetas tão misteriosos mas existem demasiadas nuvens a cobrir-me o olhar. Pensei em banhar-me de sol para que este me iluminasse a alma, o corpo, a própria mente, mas a chuva apodera-se do tempo não deixando dúvidas.
Mas, mas, mas… Há algo que não possua um “mas” medonho por detrás? Há coisas que simplesmente não têm explicação?

Quanto à primeira pergunta respondo indiferentemente. Sinceramente, não consigo recordar-me de algo tão divino e espectral; quanto à segunda, afirmamente returco. Há factos que, por incrível que pareça, não obtêm contestação. Tudo acontece, tudo se dá, tudo se vai e apenas alguns permanecem. A culpa recai sobre aqueles que nem sempre a detêm: faz parte da justiça até deste nosso território. Logo, poderá completar também parte de nós. E infelizmente completa.

Nada do que era sincero e genuíno existe já. As imitações estão a tornar-se capazes de mais para as originais lhe fazerem frente. Este parecer com que nos preocupamos tanto não vale rigorosamente nada. Senão pensemos: de que nos vale parecer ser uma pessoa que não somos? Para muita gente, esta pergunta nem sequer possui um motivo para discussão.

O fustigar da chuva trazida pelo forte vento na janela perturbam-me. Ao menos isto sim, é genuíno. A Natureza é tudo, a Natureza dá tudo! Esta universalidade baseia-se na elementar dicotomia entre amor e ódio, numa bipolaridade fenomenal e catastrófica. Podemos facialmente equiparar-nos a ela. Com uma diferença: nós podemos escolher apenas uma, temos a capacidade de rejeitar uma outra.

E eu rejeitei aquela que nunca habitou em meus actos, em minhas pequenas acções ou gesticulados termos. Ódio gera ódio! É neste ciclo vicioso que a humanidade vai caindo sem se dar conta que se desprotege, se aniquila a cada termo, a cada ultraje vindo do interior. À semelhança deste, outro sentimento edifica estes períodos viciosos que articulo e será apenas este que nos conservará e acompanhará; só ele está habilitado a fazer-nos sorrir, continuar a lutar por nós, por todos os outros!

O amor!

É capaz de regenerar algo partido em milhentos bocados; realça a alma adormecida após um sono de profunda controvérsia; constrói as mais gigantescas muralhas de protecção, as mais belas citações e pensamentos difundidos num só ser, num simples olhar perdido de um mundo realmente profano.

Isto sim, é verdadeiramente genuíno, não havendo espaço para imitações.

Bárbara Patrício

8 de maio de 2010

Ilusória Perfeição

És só mais uma fonte de inspiração furada. Não és nada, nem ninguém. De tão vasto e inverosímil que te tornaste agora nem sei para onde ir, nem sei a localização das palavras. O quarto permanece escuro. O livro bordado com palavras subtis forma uma muralha verdejante de um déjà vu infértil e perdido no tempo.

Vi-te desaparecer por entre as minhas mãos e não mais pude contemplar o escuro dos teus olhos, tocar a tua macia face e abraçar-te. Tudo era bom, perfeito, um lindo dia com céu azul. E um dia, todas as palavras se foram juntamente contigo. Só o vazio preencheu o espaço que antes ocupavas; sem culpas, sem remorsos, sem raiva nem previsões do futuro.

O livro estava a meio. No meio aberto ele esperava um preenchimento de algo fantástico e único. As folhas brancas levantavam com o vento e melodizavam uma harmonia quase divina que quase escreviam sozinhas o grande conto perdido de uma inspiração de olhos negros e fugitiva. Inspiração que agora perdurava por entre ideias mortas. A caneta jazia sobre o papel. Um corpo imóvel agora sem afazeres sem compromissos.

Não quero magicar sobre o tempo que se perdeu a escrevinhar por entre linhas tortas o exemplar ser que parecias na verdade ser. O livro continua amplo e sem vista a tornar-se finito. Há memórias que nem o tempo destrói; há vidas que não conseguem ser completamente retiradas do nosso pensamento. Talvez isso seja apenas uma longínqua recordação remota sem razão de continuar a ser vivida ou possivelmente nenhum de nós esteja ainda preparado para o grande final, onde mais ninguém se verá reflectido noutra grande pessoa.

Desoladas e sem valor são as minhas palavras neste momento. Já nem para falar encontro as palavras certas. Pareço um papagaio, apenas me limito a imitar e palrar. Tudo começou a ser diluído pela chuva. O teu grande sentimento era falso. Podia ter acreditado em muitas das coisas que me disseste. Tudo falsidades! Tu não és como eu desenhei. Tu nunca serás como eu desenhei. As tuas palavras eram sujas e rancorosas. Guiar-me-ei pelas minhas ideias por mais confusas que sejam. Mas não volto a usar palavras de pedra e dolorosas como as que tu me dizias.

Disse-te as mais bonitas palavras que alguma vez alguém ouviu da minha boca, desejei-te as melhores sensações do mundo, senti por ti o que nunca tinha sentido por ninguém. Destruis-te sem fundamento aquilo que um dia me pediste para construir a teu lado. Nada do que me dizes agora tem aquele significado especial que antes possuía intensamente. Mas os teus olhos ainda não são completamente estranhos aos meus. Reconheço-os perfeitamente: o brilho, a cor, a luminosidade…

O teu olhar penetrava-me na alma. Por momentos sentia-me leve. Levantava voo. Íamos a sítios que ninguém imagina. Em poucos segundo eu vivia a melhor aventura da minha vida. Agora não passas de um capítulo encerrado deste livro. Fechado a sete chaves, com sete selos de pedra enterrado na encruzilhada que é a minha vida.

De:
* Bárbara Patrício
* Ricardo Cunha

1 de abril de 2010

Morfologia existencial


Vejo o chão a sumir-me dos pés, vejo cada pedaço a desvanecer tal e qual como eu. Caio num buraco fundo, profundo, sem eira nem beira. O tempo passa e o fim parece nunca mais se abeirar. Fecho os olhos e encerro as visões a míseros passados, a tristes desaparições.

Tento tocar em algum objecto que me pareça familiar, algo onde me possa fixar e amortecer a derradeira queda. Nada! O que defronto é nada: um nada vazio, indistinto e gélido. Tudo cai simultaneamente com aquela criatura que parece não ter já uma concepção de altitude, de duração, de extensão.

Embato num solo que parece não querer me deixar poisar. Saltito e percorro o mesmo labirinto desde o chão até ali e dali até ao chão. Aquilo me envolve em mais um pouco de desespero e me embala num sono profundo, num doce jogo de sentimentos.

Adormeço. Acordo. Noto que estou finalmente deitada no chão, naquele mesmo chão que parecia não me desejar ali. Levanto-me. Vejo uma minúscula porta, bem lá no fundo, bem iluminada, repleta de luzinhas cintilantes que punham meus olhos a brilhar. Corri, mais e mais e melhor. A porta parecia nunca mais advir: eu jamais me reconciliaria com aquele bendito portal. Circulei, caminhei, consumi todas as forças e só descontinuei quando decaí novamente no chão, de rastos, sem eira nem beira.

Idealizei que me encontrava no firmamento e minhas mãos achavam-se limpas, lisonjeadas e perfeitas. Não tinham ferimentos, nem arranhões daquele desastroso embate. Aquilo que me desprotegera, afinal, também sabia amparar-me. A minha figura… nunca antes tinha estado tão amena, com uma expressão tão calma e ternurenta. Serena, desabrochei o olhar. Não existia céu, não havia perfeição: havia um amontoado de triste sofrimento. Olhei para o lado, investiguei todos os contornos espaciais. Nem podia acreditar: a porta residia mesmo ali. Não era necessário correr, percorrer grandes distâncias. Ela achou-se sempre ali, permanentemente próxima de mim.

Entrei, regressei a casa. Estava novamente livre de perigo, acordada de um sonho dentro de uma ilusão. A vida é isto: uma diminuta visão dentro de outra qualquer ficção; é o cair num buraco sem fundo e seguidamente prosseguir, lutar até não poder mais a fim de desaparecer daquele estado de espírito tão inóspito. Pelo meio, temos sempre outras lembranças, boas oportunidades e brandas imagens passageiras. Temos pessoas, temos reminiscências, temos universos, temos existências!

E ela é consumada disto: um entrelaçado enigma com assento no simples dilema de abalar ou estacar, apressar ou afastar-se, perder ou conquistar!

6 de fevereiro de 2010

Lar de papel


Cada vez que aqui me encontro, uma imensidao de tudo me transborda; talvez porque contenha um pouco de tudo neste já muito de nada. Olho as vivas cores de um espectro semi-cerrado, sinto o suave aroma a terra molhada e escuto o constante chilrear dos voadores. Um fim de tarde mas nunca um fim de vida…

Sento-me e uma luz passageira me aconchega, aquecendo-me intensamente. Ergo o meu olhar, contemplo o céu azul-bebé sorrindo para mim, algodão doce com sabor a chantili e minúsculas criaturas pairando. Aqui encontro um refúgio. Melhor dizendo: aqui sinto-me realmente em casa, envolta num verdadeiro conceito de lar. Na verdade possuo demasiados lares: minhas casas, memórias, passados e isto. Isto a que chamo fuga, casa das horas vagas.

Penso e repenso. Dou um rumo a minha inteligência, largas à minha imaginaçao e perco o rumo que parece não andar nem desandar. Muitos perderam a esperança em eu algum dia ser alguém; outros me prometem algo que nunca cumprirão mas com a mesma confiança no falar como se tivessem as certezas que eu não tenho do amanhã; ainda há aqueles cujos rostos alegres me difundem algum deste sentimento e me deixam totalmente viva.

Minha alma não está cheia e meu pensar vazio continuará, dito isto na boca de muitos até parace mentira. Se o pensam, estão triangularmente enganados. Entre este meu ser e o que o envolve existe apenas uma rotura: diferenças de concentração abismais.

Estarei eu à espera que alguém me difunda ou terei eu de tornar a difusão possível em alguém? Será que já difundi tudo o que tinha para o exterior e fiquei plasmolizada ou é o lado de fora que não está preparado para me transbordar? Seja o que for, está na altura de retribuir, me preencherem o espaço que resta, se ainda restar. Não que reste muito já.

Vejo este local igualmente vazio, tanto quanto eu. Minhas lanças se baixam e mergulho em escuridão, num sono profundo. Como que por magia, isto se representa em minha mente e imagino neste lugar uma família, coisa que já á muito passou. Crianças brincando nos rochedos, fazendo papas de ervas daninhas, colocando um majestoso ramo de flores campestres na jarra da mesa de jantar para surprender a mãe.

O homem da casa esforça-se para que consiga dar à sua família tudo o que ela carece. Constrói belas paredes de cimento e blocos, aperfeiçoa as linhas e dá uns últimos retoques no que será o seu completo lar. A mulher cozinha à luz da lareira pensando em saciar as bocas famintas do marido cansado carregando um dia inteiro de trabalho árduo e duas crianças já fartas de brincar, rir e imaginar.

A noite cai e só me apercebo dos mimos, dos aconchegos. Como dever de progenitora, reconforta suas crias em suas camas e lhes narra uma daquelas eternas histórias de embalar. Por fim, as pequenas adormecem e concedem à noite mais duas mentes férteis, mais duas lindas visões de um sonho em comum. A mãe se deita ao lado do pai e ambos sorriem apaixonados. Um beijo de boa noite se solta e um abraço se dá. Adormecem juntos, unidos para sempre por um amor que nunca mais acabará, por algo tão imaginário quanto eu.

Tempos que passaram cheios de vida… agora o ser sumiu-lhe e o que superficialmente se vê é um amontoado de madeira resguardando memórias. Sei que elas não mais sairão dali, daquele maravilhoso lugar. Sinto-me a viver aquelas vidas, ponho-me no lugar de cada um deles e penso que mesmo quando a vida lhes reservava o pior dos desfechos, eles continuavam unidos. Era isso que os fazia fortes, era aquele lar que os tornava uma família e aquele amor que os fazia transbordar na alegria e nos sorrisos.

Daqui me retiro um pouco mais cheia, de respirações, de conversações e de emoções. Entrei de olhar derrotado, saio com um triunfo cintilante, confiante em mim, mas ainda com muito pouco por conquistar, grandiosamente desconquistada. Uma certeza me preenche, me transborda e me cativa a seguir caminho: sei que não estou sozinha, continuas comigo.