Lírico

A minha foto
Greenland
Toda eu sou alma. Todo eu sou frio, branca como a neve. Toda eu sou sonho, céu, nuvem. Toda eu sou girassol. Toda eu serei tua, se assim o entenderes.

10 de maio de 2009

Bons velhos tempos, autêntica idade de criança!

Ainda me recordo, lembranças se ocupam da minha mente e da minha alma saltam gargalhadas ao poder recordar toda aquela imensidão de exultação que por muito que fosse usada, não acabava nem se transformava em algo inferior. Todas aquelas brincadeiras de criança ficarão para todo o sempre gravadas como uns dos melhores momentos da minha incerta existência.

Imaginação criava e ajudava a alimentar os instantes em que nada tínhamos a fazer. Nunca ficávamos sem posto, inovávamos e escolhíamos constantemente como agir ou contemplar o firmamento e as estrelas tão distantes. Sonhávamos ao olhá-los e pensávamos estupidamente como se de verdades absolutas se tratassem. Simplesmente renascia em nós inteligência e ideias evocadas agora e feitos motivos de uma boa conversa. Tardes de Verão inesquecíveis a brincar e imaginar como seria viver num daqueles milhentos planetas cintilantes ou o porquê de não poder ir e chegar bem perto da Lua. Ela encantava-nos, fazia de nós eternas crianças e quando a olho mais e mais uma vez ainda me sinto muito assim: uma eterna menina.

Dias passavam num ápice, juntos íamos ao fim do mundo numa única ocasião. Vagamente me recordo das festas da aldeia. O fogo-de-artifício era o momento que mais ansiávamos . Contávamos todos os minutos até às doze badaladas e por os fim escassos segundos que restavam. Da varanda da casa da nossa avó apreciávamos aquela junção quase perfeita de cores, sons e iluminações. A aldeia resplendecia quando cada um deles explodia, uma circunstância de dia nascia à noite, mais umas dezenas de outras pessoas sentiam não o mesmo mas o quase que nós. Talvez porque já em pequenas tivessem feito o mesmo ou a idade e os tantos anos a apreciar o mesmo fenómeno os tivesse habituado a tal. Quando acabava íamos para dentro, brincávamos um pouco mais e soltávamos mais alegria àquela casa que tanto venerávamos.

Depois apenas acompanhávamos os nossos pais para as nossas dissemelhantes casas e cobríamos as retinas esperando calmamente que o tempo corresse e que novamente se compusesse o dia. E assim como um ciclo sem fim, os dias cessavam e a imaginação não matava a sede de diversão de que usufruíamos. Os animais cantavam connosco e os objectos ganhavam vida à nossa passagem; éramos ressuscitadores de almas mortas e despertadores de vivos espíritos.
Tempos passados contigo, que continuam a passar. Desta vez de uma forma diferente: crescemos, ficámos maiores por dentro e por fora mas aquelas memórias nunca mais serão esquecidas e o rio de imaginação nunca mais será quebrado. De futuro não sei o que nos reserva mas a amizade, uniões de família inquebráveis, são razoes evidentes para continuarmos a sorrir, correr, imaginar e sonhar como sempre fizemos…

3 de maio de 2009

Mundos Mudos '

A esperança deste mundo reside em ti, em mim, em nós…


Tudo quanto sabemos ou alguma vez tentámos construir desapareceu, os projectos pensados e repensados foram engolidos por terra firme e impenetrável, os olhares e sorrisos são agora taxados por cobradores importunos de novos impostos, as lágrimas são contadas uma atrás de outra para que um império seja formado, os gritos de um infeliz louvor foram erguidos enquanto os de pavor foram abafados e retornados até às profundezas deste Inferno. A vegetaçao não mais tem cor, o sol já não brilha nem aconchega com calorosos raios todo este mundo, os senhores do poder estão bem colocados enquanto pobres desgraçados se matam por um bocado de pão. O pão nosso de cada dia repartido igualmente por todos? Quem dera que assim fosse!

Pobres moribundos, mendigos vagabundos igualados a cães esfomeados sem eira nem beira; crianças abandonadas nos dejectos do mundo, culpabilizadas e pagando por erros que não cometeram; epidemias, doenças, gripes, drogas, passadas e transformadas para desgraça de uns e superioridade de outros; guerras e conflitos sem fim que começam por birras e acabam com mortes, se acabarem…; tecnologias que nos fazem ficar tão perto dos outros mas tão longe de nós próprios, amores sumidos, amizades roubadas, famílias destroçadas, pessoas ignoradas, atrocidades cometidas, sangue derramado…

Nascemos tão simples mas com objectivos descomunais, metas a conseguir e território para conquistar, regras a cumprir e pessoas para auxiliar, oportunidades a aprisionar e sonhos a realizar. Nascemos com muitos propósitos e apenas um os resume: Mudar o mundo! Acredito que cada ser concebido a cada segundo passado e futuro irá mudar este ‘beco sem saída’ à sua maneira. Pode mudá-lo a escrever, a pintar, a cantar, a trabalhar, a deslumbrar ou até a pensar mas irá torná-lo diferente do que o que era quando abriu pela primeira vez os olhos.
Também tu e eu devemos alterá-lo, transformá-lo, moldá-lo, fazer dele uma casa para todos, derrotar os grandes, vangloriar os insignificantes, controlar as injustiças, educar os marginalizados, pegá-los a todos por uma mão e fazer deles algo tão bom que também eles perceberão a sua função aqui. Durante toda a minha vida irei transferir todo o meu ser para que esta nossa ‘casa’ se torne a melhor possível para vingar os que já foram, para os que já estão e para os que aí virão.

O que já fizeste para mudar o mundo? Achas que o mundo está perdido? Imagino a tua resposta… Achas que não vale a pena porque ele já está completamente perdido, os humanos não têm mais maneira de se reconverterem e se os outros não mudam, tu também não vais mudar pois és só um e não vais fazer diferença. Só te digo isto: soma-te com os outros e sereis milhões; agora já não és só um. O mundo não está perdido como pensas, ainda não se descortinou e com pessoas como tu nunca se irá algum dia avistar…