Lírico

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Greenland
Toda eu sou alma. Todo eu sou frio, branca como a neve. Toda eu sou sonho, céu, nuvem. Toda eu sou girassol. Toda eu serei tua, se assim o entenderes.

8 de maio de 2010

Ilusória Perfeição

És só mais uma fonte de inspiração furada. Não és nada, nem ninguém. De tão vasto e inverosímil que te tornaste agora nem sei para onde ir, nem sei a localização das palavras. O quarto permanece escuro. O livro bordado com palavras subtis forma uma muralha verdejante de um déjà vu infértil e perdido no tempo.

Vi-te desaparecer por entre as minhas mãos e não mais pude contemplar o escuro dos teus olhos, tocar a tua macia face e abraçar-te. Tudo era bom, perfeito, um lindo dia com céu azul. E um dia, todas as palavras se foram juntamente contigo. Só o vazio preencheu o espaço que antes ocupavas; sem culpas, sem remorsos, sem raiva nem previsões do futuro.

O livro estava a meio. No meio aberto ele esperava um preenchimento de algo fantástico e único. As folhas brancas levantavam com o vento e melodizavam uma harmonia quase divina que quase escreviam sozinhas o grande conto perdido de uma inspiração de olhos negros e fugitiva. Inspiração que agora perdurava por entre ideias mortas. A caneta jazia sobre o papel. Um corpo imóvel agora sem afazeres sem compromissos.

Não quero magicar sobre o tempo que se perdeu a escrevinhar por entre linhas tortas o exemplar ser que parecias na verdade ser. O livro continua amplo e sem vista a tornar-se finito. Há memórias que nem o tempo destrói; há vidas que não conseguem ser completamente retiradas do nosso pensamento. Talvez isso seja apenas uma longínqua recordação remota sem razão de continuar a ser vivida ou possivelmente nenhum de nós esteja ainda preparado para o grande final, onde mais ninguém se verá reflectido noutra grande pessoa.

Desoladas e sem valor são as minhas palavras neste momento. Já nem para falar encontro as palavras certas. Pareço um papagaio, apenas me limito a imitar e palrar. Tudo começou a ser diluído pela chuva. O teu grande sentimento era falso. Podia ter acreditado em muitas das coisas que me disseste. Tudo falsidades! Tu não és como eu desenhei. Tu nunca serás como eu desenhei. As tuas palavras eram sujas e rancorosas. Guiar-me-ei pelas minhas ideias por mais confusas que sejam. Mas não volto a usar palavras de pedra e dolorosas como as que tu me dizias.

Disse-te as mais bonitas palavras que alguma vez alguém ouviu da minha boca, desejei-te as melhores sensações do mundo, senti por ti o que nunca tinha sentido por ninguém. Destruis-te sem fundamento aquilo que um dia me pediste para construir a teu lado. Nada do que me dizes agora tem aquele significado especial que antes possuía intensamente. Mas os teus olhos ainda não são completamente estranhos aos meus. Reconheço-os perfeitamente: o brilho, a cor, a luminosidade…

O teu olhar penetrava-me na alma. Por momentos sentia-me leve. Levantava voo. Íamos a sítios que ninguém imagina. Em poucos segundo eu vivia a melhor aventura da minha vida. Agora não passas de um capítulo encerrado deste livro. Fechado a sete chaves, com sete selos de pedra enterrado na encruzilhada que é a minha vida.

De:
* Bárbara Patrício
* Ricardo Cunha

3 comentários:

Ricardo Cunha disse...

Eu sei, eu sei (a)
temos que fazer isto mais vezes
;)

João disse...

Tens razão todos nós faríamos qualquer coisa pelo nossos pais .
Tal como eles fariam por nós.
:D

Anónimo disse...

muito bonito, parabens :D

ass:Anaísa