Quem
me dera que aquilo ali longe fosse distante o suficiente. Não é, nunca foi. É
todo um ciclo demoníaco, é a estupidez de não saber calar, não saber sequer o
que dizer. Quando menos esperamos, acontece: um círculo imundo, coberto daquele
nevoeiro cerrado das manhãs de inverno, espesso, gelado, nada aconchegante. E
vem aos pouquinhos, transformando-se num cinzento miudinho, sem conteúdo, sem
expressão, mudo. Tardia se apresenta a lembrança da satisfação que poderia daí advir.
O silêncio vai conspirando contra a própria insistência em permanecer aqui, um
beco com teto, sem sol, sem alma, sem mar ou luar. Só a agitação imensa de um
ruído poderá tirar-me daqui. E esse ruído sou eu.
Inácia Amarguras
Foto de Chad Copeland
1 comentário:
Muito obrigada pelo comentário!
Sei bem do que fala este texto. E gostei de o ler!
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