Lírico

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Greenland
Toda eu sou alma. Todo eu sou frio, branca como a neve. Toda eu sou sonho, céu, nuvem. Toda eu sou girassol. Toda eu serei tua, se assim o entenderes.

1 de julho de 2015

Sem conteúdo



Quem me dera que aquilo ali longe fosse distante o suficiente. Não é, nunca foi. É todo um ciclo demoníaco, é a estupidez de não saber calar, não saber sequer o que dizer. Quando menos esperamos, acontece: um círculo imundo, coberto daquele nevoeiro cerrado das manhãs de inverno, espesso, gelado, nada aconchegante. E vem aos pouquinhos, transformando-se num cinzento miudinho, sem conteúdo, sem expressão, mudo. Tardia se apresenta a lembrança da satisfação que poderia daí advir. 

O silêncio vai conspirando contra a própria insistência em permanecer aqui, um beco com teto, sem sol, sem alma, sem mar ou luar. Só a agitação imensa de um ruído poderá tirar-me daqui. E esse ruído sou eu.

Inácia Amarguras

Foto de Chad Copeland

1 comentário:

Raquel Pires disse...

Muito obrigada pelo comentário!
Sei bem do que fala este texto. E gostei de o ler!