Lírico

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Greenland
Toda eu sou alma. Todo eu sou frio, branca como a neve. Toda eu sou sonho, céu, nuvem. Toda eu sou girassol. Toda eu serei tua, se assim o entenderes.

4 de agosto de 2010

Grito!


Tento esquecer a melancolia dos dias, entregar ao rumo do relógio os pequenos pedaços de tempo e contrariar as regras impostas por um espaço onde não quero permanecer. O relógio movimenta-se muito devagar e depressa se cansa da mesma vida rotineira. Um tic-tac me faz parar de existir fora de mim: transporta-me até ao mais profundo pedaço de ser que contenho e reparte-se a esperança pois esta é já uma antiga e sempre velha companheira da minha alma.

Tento esquecer as noites, subtrair as estrelas e alargar o espaço lunar. Quero gritar, pausar a existência e trocar de mundo, mudar-me para um local cheio de paz, onde seja a harmonia a rainha. Até me confrontar com tudo, nada tinha a temer. Agora, jamais terei. Aumento a luminosidade para que se torne mais familiar, menos observável para qualquer outro ser humano.

As cordas se embalam em ritmos desatinantes, melodiosamente transfigurados em tons mais graves e fortes. As conexões entre a máquina pensante e o corpo que me sustenta começam a falhar, sumir-se por entre as brumas da memória que em dia nenhum se evaporará.

Tenho medo de sonhar, arrependo-me profundamente dos desejos que alguma vez pronunciei. Preciso urgentemente de ti; vem e dá-me só um olhar teu, só um simples pedaço da tua voz para abafar o meu grito alarmante e que desesperadamente pede ajuda. Não tenho motivos, não possuo razão alguma. Apenas reflicto sobre todos os acontecimentos passados, os que ainda hoje se apresentam perante mim e me acenam num meticuloso pedido de desculpas.

Não quero partir para dentro de mim mesma pois será ainda pior recordar. Não percebo o fundamento destes lacrimejos, desta abundância de sensações que me envolve mas tenho uma corrente ondulatória contra quem eu lutava todos os dias. Não pedia mais nada além de ti: vem comigo e pára o tempo para que ninguém consiga permanecer neste espaço, para que eu seja capaz de libertar toda esta negatividade e pise o espaço lunar só mais uma vez…

Bárbara Patrício

7 comentários:

Susana disse...

está fantástico :P
tenho muito orgulho em ti minha BáBá...

já agora não tenhas medo de sonhar, às vezes podem-nos fazer voar mais alto, mas no fim sabes que valeu a pena nem que seja um segundo :D

Beijinhos***

Angiiee disse...

Tu andas é a fazer de prepósito ! Sabes que eu nao consigo escrever assim, e ponho-me a ler isto +.+
Está lindo Bà !

Beijinhooooos

Anónimo disse...

Tens um enorme talento! Nunca deixes apagar essa essência magnifica de escreveres nem a vontade suprema de criar textos fantásticos com a simples troca de palavras que transmitem uma enorme profundeza e sinceridade vindos do te ser!

Parabéns, e continua assim!
Beijinho*

Sílvia

n36ul05a disse...

sabes que até agora não consigo acreditar que uma parola "acabidezada" como tu, consegue escrever tão bem... sério! acho que isso de ser bipolar... hum não sei...
bem, não interessa; um dia descobrirei! mas até lá, era só para dizer que o blog está awesome, e que eu te amo muito e tenho muitas saudades... apesar de nem te lembrares de mim...
bj grande

aluisio martinns disse...

já não sonhas, inscreve realiades e estás no meio do processo de cura e encontro... escrever é um bom remédio... continua...

Sofiia disse...

Texto fantastico

Bad Try ® disse...

Barbara :)
after long, long time ago... leio-te x)
Saudades, saudades tuas :3
Escreves bem como sempre *-*