Quando a lua deixa de
aparecer no céu e o sol só intervém de vez em quando começamos a perguntar-nos
sobre o porquê. Esquecemo-nos que talvez não haja razão. Esquecemo-nos que é
suposto. Tentamos recordar a ideia de que tudo tem uma ordem. Não tem de ter,
nem deve. Aleatoriamente, o tempo vai passando, vai-se preenchendo,
moldando a nossa visão sobre o mundo, nós próprios, os outros. Parte de nós
acredita, espera, alcança; parte de nós é vazio, obscuridade imensa, podridão. O
segredo encontra-se num equilíbrio, um dos possivelmente impossíveis. Será?
Pode nem haver explicação,
ser demasiado evidente ou terrivelmente agreste. Presumo que não seja claro e
apenas posso imaginar. Este tipo de estabilidade, incerta, como uma dicotomia
adquirida, nada tem que ver com qualquer fórmula, estatuto ou ditado vulgar. Antes
fosse. E, quando a escuridão se apodera, fica noite. E, se a lua decidir não
aparecer, passamos a ser inconscientes. Eterna ignorância de quem tem trilho e
não sabe o rumo. Bastava uma chama, um olhar, ternura, estima, dedicação.
Chegava um escasso bocado de esperança.
Autor: Bárbara Patrício
Foto de Nicholas Scarpinato
1 comentário:
Sim, bastava... Mas o escuro também nos faz bem :) Beijinho *
Enviar um comentário