Lírico

A minha foto
Greenland
Toda eu sou alma. Todo eu sou frio, branca como a neve. Toda eu sou sonho, céu, nuvem. Toda eu sou girassol. Toda eu serei tua, se assim o entenderes.

25 de outubro de 2014

Caos da harmonia


Quando a lua deixa de aparecer no céu e o sol só intervém de vez em quando começamos a perguntar-nos sobre o porquê. Esquecemo-nos que talvez não haja razão. Esquecemo-nos que é suposto. Tentamos recordar a ideia de que tudo tem uma ordem. Não tem de ter, nem deve. Aleatoriamente, o tempo vai passando, vai-se preenchendo, moldando a nossa visão sobre o mundo, nós próprios, os outros. Parte de nós acredita, espera, alcança; parte de nós é vazio, obscuridade imensa, podridão. O segredo encontra-se num equilíbrio, um dos possivelmente impossíveis. Será?

Pode nem haver explicação, ser demasiado evidente ou terrivelmente agreste. Presumo que não seja claro e apenas posso imaginar. Este tipo de estabilidade, incerta, como uma dicotomia adquirida, nada tem que ver com qualquer fórmula, estatuto ou ditado vulgar. Antes fosse. E, quando a escuridão se apodera, fica noite. E, se a lua decidir não aparecer, passamos a ser inconscientes. Eterna ignorância de quem tem trilho e não sabe o rumo. Bastava uma chama, um olhar, ternura, estima, dedicação. Chegava um escasso bocado de esperança.

Autor: Bárbara Patrício
Foto de Nicholas Scarpinato

1 comentário:

Hismindaway disse...

Sim, bastava... Mas o escuro também nos faz bem :) Beijinho *